201312.16
0

Pedidos de recuperação judicial ganham mais espaço no Norte e no Nordeste

Os processos de recuperação judicial, instrumento utilizado por empresas em situação financeira delicada na tentativa de preservar suas atividades, ganharam popularidade fora do eixo Rio – São Paulo nos últimos anos, de acordo com levantamento feito pela Serasa Experian a pedido do Valor.

Em 2009, o Sudeste concentrava, com certa folga, os requerimentos de recuperação judicial, com 441 pedidos, o equivalente a 65,8% do total de solicitações feitas em todo o país. Entre janeiro e novembro deste ano, essa participação caiu para 58,6%, ou 479 pedidos. Ao mesmo tempo, outras regiões do país ganharam relevância.
Proporcionalmente, o maior aumento se deu no Nordeste. Em 2009, as solicitações registradas na região representavam 4,3% do total, percentual que saltou para 10,4% nos 11 primeiros meses de 2013. No Norte, o movimento foi semelhante, com aumento de cerca de quatro pontos percentuais da parcela da região entre os pedidos totais, que passou de 1,8% para 5,6%.

“A participação do Nordeste e do Norte nos pedidos de recuperação judicial praticamente duplicou, o que reflete como esse instrumento ganhou popularidade. Não é mais um recurso restrito a empresas grandes, ou há mais tempo no mercado”, explica Luiz Rabi, economista da Serasa.

Para Rabi, o sucesso desse novo instrumento, introduzido com a Lei das Falências e Recuperações Judiciais, em 2005, tem evitado que os credores recorram ao pedido de falência das empresas, impossibilitando a reestruturação das atividades. “É o objetivo [da lei], recuperar a empresa, com um acordo com os credores, que não vise só o pagamento das dívidas”.

Felipe Galea, sócio responsável pela área de recuperação judicial do escritório de advocacia BM&A, afirma que hoje atende mais clientes fora de São Paulo do que no próprio Estado. “Recentemente, tivemos casos em Santa Catarina, Goiás e Pernambuco”. Os grandes centros costumam ser pioneiros no uso de novas lei, até pela concentração de advogados, mas à medida que o instrumento se consolida, outras regiões ganham participação. “A tendência é que se espalhe mais”, destacou.

O levantamento tomou como base o ano de 2009, porque foi a partir dessa data que os pedidos de recuperação judicial ganharam relevância, explicou a Serasa. (TM)
Fonte:Valor Econômico