201703.06
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Instituições ficam com ações dadas em garantia

Além de tomar imóveis e veículos em pagamento de dívidas não honradas, os bancos também estão se tornando acionistas de empresas cujos sócios deram ações em garantias de empréstimos que não foram pagos.

A derrocada do império construído pelo empresário Eike Batista deixou os bancos como acionistas de algumas companhias. A geradora de energia MPX, por exemplo, ganhou como sócios os bancos BTG Pactual e Itaú Unibanco, com participações de 33,73% e 7,88%, respectivamente.

Depois de executar uma garantia da empresa de logística Prumo (antiga LLX), também criada por Eike, o Itaú também acabou com uma fatia de 6,43%, depois reduzida para 4,75%. Agora, em uma oferta de aquisição de ações, a controladora EIG tenta fechar o capital da empresa.

Em outro caso emblemático, o da empresa de sondas Sete Brasil, que entrou em recuperação judicial em 2016, uma parte das perdas com o financiamento foi coberta com ações do Banco do Brasil. Os papéis da instituição compunham o patrimônio do Fundo Garantidor da Construção Naval (FGCN), que dava aval a alguns dos créditos tomados pela Sete.

A entrada de incorporadoras imobiliárias em processo de recuperação judicial também pode aumentar a participação acionária dos bancos em companhias. A Viver propõe que credores quirografários da holding recebam como pagamento ações da companhia. Entre os principais credores estão os bancos Credit Suisse, HSBC, Fator e China Construction Bank.

Outras instituições, como é o caso de Bradesco, Santander e Banco Pan, podem ampliar seu estoque de imóveis. Como credores com garantia, poderão receber ativos e recebíveis.

Com pelo menos R$ 3,4 bilhões devidos a grandes bancos, a PDG pode encontrar uma solução similar na tentativa de sair da recuperação judicial que teve seu pedido aceito na semana passada. Se essa alternativa se concretizar, os bancos acabarão acumulando mais ações e imóveis em seus balanços.

Os bancos evitam ter no balanço crédito com ações de empresas em garantia, segundo o executivo de uma grande instituição. “Esse foi um tipo de operação feito apenas com empresas grandes, que eram risco ‘AAA’ antes da crise”, diz a fonte. Com papéis em mãos, o desafio para os bancos é encontrar formas de sair das empresas nas quais entraram meio que sem querer.

Mesmo não gostando de receber ações, muitas vezes os bancos acabam sem opção. Na reestruturação da dívida da Odebrecht Agroindustrial, as instituições aceitaram ações da Braskem como garantia.

Fonte: Valor Econômico