BR Malls despeja lojistas em atraso para ‘limpar base’
Maior empresa de shopping centers do país, a BR Malls decidiu despejar lojistas em dívida com a companhia para avançar na “limpeza de base” de seu portfólio de lojas, informou ontem o comando do grupo, em teleconferência de resultados.
A desocupação pelos meios judiciais ocorre num momento em que os shoppings começam a verificar melhora em alguns indicadores operacionais, como mostraram os balanços do segundo trimestre. A BR Malls tem participação em 39 shoppings do país.
Segundo a companhia, por conta desse movimento, o nível de vacância foi negativamente afetado no segundo trimestre – a taxa de ocupação caiu para um dos patamares mais baixos, pelo menos, dos últimos oito trimestres. O índice atingiu 94,7% de abril a junho, versus 95,8% em 2016.
“Mudamos nossa estratégia comercial e focamos na limpeza de base. Aceleramos o despejo nos casos em que entendíamos não haver mais espaço para uma solução comercial”, disse Ruy Kameyama, presidente da empresa. A companhia pretende avançar mais nessas ações de desocupação até o fim deste ano.
A empresa havia parado de avaliar a aquisição de novos negócios, após aumento de alavancagem – atualmente reduzido depois da venda de ativos e da oferta de ações feita há três meses. O grupo disse, sem detalhar, que está retomando esse processo de análise de compra de empreendimentos. O Valor apurou ontem que a empresa continua em negociações para fusão de ativos com a Aliansce. A companhia nega as conversas.
Houve uma melhora da situação de caixa da BR Malls após oferta de ações, em maio, no valor de R$ 1,7 bilhão. A posição de caixa da companhia ao fim do segundo trimestre de 2017 era de R$ 2,2 bilhões, alta de 405%.
Além disso, a empresa voltou a afirmar que manterá processo de venda de ativos considerados não estratégicos, algo que já vem fazendo há mais de um ano. E reforçou que, com a queda na taxa de juros, o grupo está “explorando oportunidades para negociar indicadores melhores com bancos” relativos às condições da dívida.
A companhia publicou na segunda-feira seus números do segundo trimestre, com reversão de lucro líquido de R$ 152,7 milhões de abril a junho de 2016 para prejuízo de R$ 217,1 milhões este ano. A alta nas despesas pressionou os resultados – a soma subiu 25%. A ação da BR Malls fechou o pregão de ontem da B3 em alta de 0,61%, com analistas ressaltando em relatório melhora em alguns indicadores, como inadimplência.
Fonte: Valor Econômico