201607.05
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Número de empresas pedindo recuperação judicial é recorde

Houve 923 pedidos de recuperação judicial de janeiro a maio de 2016. Número funciona como um termômetro da economia no país.

Nos primeiros seis meses de 2016, o número de empresas que pediram recuperação judicial no Brasil foi o maior da história. Esse mecanismo permite que a empresa tente evitar a falência.

Por mais de 40 anos a fábrica de embalagens foi uma empresa saudável. A contaminação veio depois de investimentos errados e do aumento da principal matéria prima: o plástico.

“Então, a gente já começou a ter dificuldade de acesso à matéria-prima, começamos a ter perda de qualidade, aumenta a devolução, perde cliente…”, conta a empresária Sabrina Rodrigues de Carvalho.

O diagnóstico foi de assustar. A fábrica estava doente e tão grave que, pra ela não morrer, os donos pediram a recuperação judicial. É como se a empresa viesse parar na UTI.

E não entrou sozinha nessa, não. Há quase um surto de empresas assim.

Houve 923 pedidos de recuperação judicial de janeiro a junho de 2016, no Brasil – quase o dobro do mesmo período de 2015. É um termômetro da economia no país.

“A empresa tá doente, mas ainda a empresa não tá morta. E ela pode sair da UTI, ir pro quarto e voltar pra casa. Basta ela utilizar os remédios certos, na dosagem certa e da forma certa”, explica o advogado Bernardo Bicalho.

Na recuperação judicial, a empresa é assistida por uma espécie de equipe médica: um comitê formado por credores e um administrador indicado pelo juiz. Durante dois anos, não pode ser pedida a falência dela. A empresa que está sem fôlego, recebe oxigênio.

“Dívidas de curto prazo são renegociadas, são alongadas e, aí, se faz um trabalho muito forte tanto no lado das receitas da empresa, como no lado das despesas”, destaca o professor de finanças do Ibmec, Ricardo Couto.

Cada gota de dinheiro faz diferença – e o remédio pode ser amargo. Na fábrica de embalagens, teve demissão de metade dos 300 funcionários e a produção despencou: de mil toneladas, por mês, para 350.

“Então, a gente fez o movimento de reduzir, desligar equipamentos velhos, que não davam mais qualidade, analisar clientes pra não vender mais pra aqueles que tinham um resultado muito ruim e rever estratégia de equipe pra que a gente pudesse ter uma melhor atuação de quem ficasse com a gente”, conta Sabrina Carvalho.

A fábrica de embalagens conseguiu evitar o pior e deve ter alta da recuperação judicial a qualquer momento.

Sabrina: A gente saiu da UTI, mas ainda tá em observação. Eu acho que o risco de morte está lá pra trás.
Repórter: Tá recuperada?
Sabrina: Em recuperação!

Fonte: G1